E o livro velho, serve para que?

Bom dia gurizada. Espero que estejam todos bem, melhor do que eu (o que é provavelmente fácil e possivelmente a verdade). Não que eu esteja mal, mas poderia estar melhor, muito melhor.

Hoje vamos falar da nossa área de formação. Nossa de quem tem a biblioteconomia/documentação por formação, claro. Até porque, o blog que foi criado para acompanhar os reality shows do brasil e do mundo (meu vício, confesso...), fez mais outras coisas do que propriamente isso.
Esses dias, conversando com uma colega no Livro de Róstos (facebook), a Mari  (ou OMari ou Adocica para os íntimos), entramos em um assunto delicado: o descarte de obras "defasadas" por uma biblioteca. Ela, que trabalha em uma biblioteca de Escola Técnica (pelo que entendi) que não se emancipou da Universidade, está tendo dificuldades para se livrar de uma pilha de carcaças. Carcaças, para quem não sabe, é o nome que eu dou para um amontoado de livros sem utilidade para o público alvo da biblioteca, que estão defasados física ou tematicamente. Segunda a Mari, ela já fez contato com todas as escolas do município e não conseguiu se livrar do entojo...
Pois bem, eu fiz diferente. Trabalhando em uma biblioteca pública que é extremamente limitada em relação aos recursos, eu tirei tudo o que não me servia das estantes (e devo confessar que, embora tenha sido criterioso na escolha das obras, fui totalmente parcial pois levei em conta o que eu achava desnecessário) e coloquei na caixa de recortes. Sim amigos: sabe aquele amontoado de livro velho, mofado e que apresentavam grafia como pharmácia, photo e afins? Tudo pra recorte. Eu sabia que se pedisse pra jogar fora, não iam deixar. Então recorri ao ato mais correto da contemporaneidade: RECICLAGEM. Já fiz dois murais, um porta caneta e algumas capas com colagem de mosaico só com recorte de livros velhos.
É uma hipocrisia essa gente que quer guardar esse monte de tranqueira e porcaria. Gente, livro não é material permanente, é de consumo. Pelo menos é isso que expressa a lei do livro, embora muitos bibliotecários canastrões adorem o fato de uma biblioteca cheia (mesmo que seja só de porcarias). Daí vem os mais xiitas, com seus capuzes, tochas e foices, ao estilo Klux Klux Klan esbravejar "SEU LOUCO, COMO VOCÊ FAZ ISSO COM UM MONTE DE LIVRO". Faço e assumo. E além do mais, me orgulho da minha coragem. A obrigação do depósito legal é da Biblioteca Nacional, que deve ter uma infinidade de pessoas trabalhando para zelar pela bibliografia publicada em território nacional. A Biblioteca em que trabalho não tem obrigação de se tornar um "Museu de Obras Antigas". Me formei bibliotecário, e não enfermeiro de livro velho, pra trabalhar em um Asilo Bibliográfico.
Não tenho porque deixar incorporado ao acervo enciclopédias que falam que homossexualismo é doença e que masturbação causa aspectos físicos. Muito menos livros que possuem 7 duplicatas totalmente defasadas fisicamente e que não são retirados da estante pelo menos nos últimos dois anos.
O que me dá mais raiva é que, se um bibliotecário coloca um livro fora, como bem disse a Mari, a mídia corre para mostrar, o povo corre para criticar e o poder público mete o pau (no sentido figurado, claro).  Entretanto, a mesma mídia e poder público não se importam com casos como o de muitos bibliotecários, que trabalham nem com o mínimo de recursos possíveis para o desenvolvimento decente de suas competências (e aqui não tenho vergonha de me incluir, uma vez que terei de fazer à mão toda a sinalização da biblioteca, incluindo etiquetas de livros...).
Ou seja: que bibliotecário monstruoso é esse que coloca um monte de livro fora com tanta gente com "fome de ler"!?! Gente, acorda: o povo tem fome de arroz e feijão, de pão e de chocolate bom na páscoa. E o mais engraçado é que, 90% dos falso moralistas que criticam o ato de descarte são aqueles que procuram as informações que necessitam, na maioria das vezes - PASMEM - NA INTERNET. É ridículo. É deprimente. Mas é A CARA de coisa de bibliotecário: criticar sempre, se mover pra mudar nunca.
Então, vamos parar com essa mania de achar que livro, depois que entra na biblioteca, só pode ser descartado do acervo em caso de furto/extravio. Isso é negligente e prejudicial ao nosso público e ao nosso serviço. Livro tem data de validade, tem vida útil, seja pelo assunto do qual trata, seja por sua defasagem física. E vamos parar, bibliotecários, de ficar apontando quem faz descarte de obras. Cada um sabe a realidade em que vive. Cada um sabe as necessidades do seu público (ou se não sabe, deveria pelo menos tentar saber). Livro tem que ser jogado fora sim, igual iogurte fora da validade. Ou então, caso queira aproveitá-los, recicle igual fazemos com garrafa pet.Garanto que se alguém se importar, com certeza vai ser pelo fato de você não ter utilizado essa técnica de mosaico com recortes de livros antes.

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E a nossa Britney, cadê?

Finalmente, na noite do dia 18, pude presenciar um momento histórico pelo qual eu esperava durante 11 anos: o show da Britney Spears. Realmente, era uma coisa que eu queria muito vivenciar. Era algo pelo qual eu não sabia descrever o sentimento toda vez que eu pensava em vê-la na minha frente, em cima do palco. Infelizmente, nem tudo são flores. E os contras pesaram bastante para minha avaliação final do espetáculo...
Primeiro: visualmente o show é perfeito. Claro, levando em consideração os padrões nacionais de espetáculo e sabendo que, a estrutura nacional para esses espetáculos não é das melhores. O palco mesmo, comparado ao dos outros locais da turnê, é bem pequeno. Mas enfim, Brasil né?
Entretanto, um espetáculo desses não se resume apenas ao visual (e sim, não é um show, é um espetáculo... que são coisas diferentes). E é nessa parte em que o espetáculo peca. A Britney tem domínio de palco? Sim. A Britney está feliz fazendo o que ela faz? Aparentemente sim. A Britney está com a corda toda? Longe disso. Há partes em que a sonolência transborda em seus movimentos. E isso complica o desenvolvimento do espetáculo.
A maior parte do tempo, em seus movimentos mais mirabolantes, ela se debruça sobre os dançarinos, que fazem as partes mais difíceis. Ela não parece estar disposta a “suar a camiseta de verdade” e sim apenas fazer o seu trabalho. Há momentos (e não são poucos) em que a coreografia se resume à movimentar os braços, dispensando qualquer movimento mais elaborado.
Quanto à forma física da cantora, há três pontos que devem ser abordados: ela não está gorda. Ponto. Por mais que digam “A Britney está gorda”, é mentira de quem não sabe a diferença entre ser gordo e ter gordura localizada. Ela tem a barriga flácida e, aparentemente, bastante marcada por estrias e celulites (provavelmente causadas pelas duas gravidezes seguidas e pelo açúcar e gorduras ingeridas incontrolavelmente durante muito tempo). O terceiro é mais delicado: Britney não parece se importar em desconstruir o modelo de beleza imposto. Ela mostra a barriga, deixa filmarem seu corpo deliciosamente imperfeito por inteiro e não fica se escondendo atrás de uma pele oleosa e impregnada de laquê de cabelo para esconder as celulites e estrias. Assim como não aparenta querer recorrer à plásticas ou malhação pesada para consertar o que acha que não está errado, apenas para agradar aos outros. Simples assim.
Fazendo um espetáculo totalmente marcado, que não dá espaço para o improviso, nem mesmo quando os fãs abafam sua voz com gritos histéricos de “We Love You”, Britney fez um show bonito, interessante e emocionante, mas que empolga mesmo só quem é fã e conhece pelo menos 90% da setlist total. Para quem foi por “curtir a musica” ou para os acompanhantes, que não eram poucos, foi um show morno e marcado por um comportamento distante da estrela internacional.
Como fã, posso dizer que ir a um show da Britney foi como ir assistir um espetáculo de stand up sabendo todas as piadas que seriam contadas: nós rimos, achamos graça, mas não somos envolvidos totalmente por aquele universo. Isso não me faz menos fã, apenas me faz critico o suficiente para perceber que talvez, nesse momento, o show da Britney seja puro entretenimento, onde a emoção de vê-la em minha frente parece ser a maior do local.

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E o ex-presidente Lula (molusco), hein?

Caros telespec. O Brasil é um país irônico não é mesmo. Vocês não tem noção da quantidade de besteiras que eu ando lendo apenas pelo fato do ex-presidente Lula estar com câncer. Explico...
Já começa pelo fato do Lula estar com câncer, que pelo que li, não é dos mais agressivos e com o tratamento que está fazendo, tem quase 90% de chances de se salvar. Muito bom, sorte e sucesso. Fim.
Entretanto, há uma facção soturna nos meios de comunicação que insiste em retaliar outros meios de comunicação, fazendo a tão conhecida "oposição por oposição". Tudo começou quando pessoas começaram a postar no twitter frases do tipo "Se o lula tá com câncer, porque não vai pro sus ao invés do sírio libanês" ou então "ué, esse não era o cara que tinha orgulho do sus? porque não se trata no sus agora?". Eu respondo, caros amigos: porque ele é político. E isso já resolve a maioria das questões.
É muito triste perceber que a sociedade brasileira se solidariza com uma pessoa pública em um momento triste e delicado como esse, e literalmente CAGA pro vizinho que está mutilando o corpo por causa da mesma doença, só porque ele não é famoso. Não que Lula e Reynaldo Gianechinni não mereçam nossa solidariedade (só pra citar os casos mais pontuais). Mas é que chega um momento em que a humanidade tem que se perguntar: pra que babar ovo por duas pessoas que vão morrer unica e exclusivamente se tiverem que morrer, se for a hora delas, quando existem milhões que não possuem condições de tratamento que aquelas possuem. É muito fácil jornalista fascista, que também não se trata no SUS, escrever artigo criticando a postura "maquiavélica e mórbida" do brasileiro, rogando para que o tratamento de Lula fosse no SUS. Isso, pra mim, só evidencia duas coisas: que o Lula sabe que se for pro SUS, mesmo sendo um câncer mediano, ele provavelmente vai morrer e que o jornalista sabe que o SUS é uma bosta. Ponto.
Acho que todo político deveria se tratar no SUS. TODOS. Assim como os filhos de TODOS deveriam estudar em Escola pública. E não só para dar uma lição nessa corja, e sim para eles poderem avaliar onde deve ser empregado o dinheiro que roubam.
O câncer do Lula se transformou no novo bebê da Wanessa (assunto para o próximo post): todo o barulho feito em volta do assunto vai ser briga comprada pela mídia.
e eu fico me perguntando: o que faz uma população se juntar para fazer novena por um câncer curável, em uma pessoa pública e com meios de fazer os melhores tratamentos, em um dos melhores hospitais do Brasil... e ficar quieta para as filas do SUS, os erros médicos e a falta de atendimento e material na saúde pública?
Já sei, é só virar pro lado e fazer de conta que não é com você.

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